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Sabão artesanal é opção de reciclagem

A reutilização minimiza os impactos ambientais; consumidor pode também doar óleo usado para ONGs e empresas.


Foto: Bruna Cordeiro - Acervo AGENDHA

O descarte do óleo é apenas uma pequena parte do grande problema relacionado à geração de lixo no mundo. Tratar lixo é caro e, quando não tratado, há um forte impacto ambiental. Por isso, o Instituto Akatu procura mostrar ao consumidor a oportunidade que ele tem, ao mudar seus hábitos, de contribuir para a sustentabilidade do planeta – gerando o mínimo de lixo possível e reaproveitando ao máximo os produtos antes de descartá-los.


No caso do óleo de cozinha usado em frituras, a possibilidade mais concreta para evitar seu despejo na natureza é reaproveitá-lo fazendo sabão (veja receita no quadro ao lado). A dona-de-casa Maria Bassi Massulini, moradora de Santos-SP, há tempos adota essa atitude consciente. “Sempre tive muito dó de pensar que o óleo descartado pudesse ir para o canal e poluir a praia”, conta. Ela aprendeu a fazer sabão a partir da gordura há 30 anos com sua sogra.


Na época em que era vizinha de uma barraquinha de pastéis, Maria conta que reaproveitava todo o óleo que podia. “Rendia tanto sabão que acabava servindo para todo mundo”, lembra. Ela até chegou a dar uma dica muito válida para quem se interessar em fazer o sabão: “quanto mais tempo ele curtir, melhor, limpa mais”. Outra recomendação importante é ter muito cuidado ao misturar a soda com a água. “O melhor é usar luvas, pois a soda pode queimar se entrar em contato com a pele”, recomenda ela. O ideal também é usar utensílios de madeira ou plástico para preparar a mistura e deixar o sabão curtir por no mínimo três meses, para que não ofereça riscos à pele.

Além do sabão, o consumidor consciente tem outra alternativa: doar – ou mesmo vender – o óleo usado para instituições e empresas que se encarregam de reutilizar o produto. Um exemplo disso é o trabalho da Ação Triângulo, OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) com sede na cidade paulista de Santo André.


Todos os meses, seus 60 agentes socioambientais visitam 60 mil residências em diversos bairros de cidades do ABC paulista (que engloba as cidade de Santo André, São Bernardo e São Caetano) para recolher o óleo de cozinha. Com as cinco toneladas de material recolhidas mensalmente, são produzidos, na própria usina da organização, sabões em pedra e sabonetes que, posteriormente, serão vendidos para custear as ações ambientais, sociais e de consumo consciente desenvolvidas pela entidade.


O projeto, denominado “Casa a Casa”, começou há quase quatro anos e hoje conta com o patrocínio da Petrobrás. Segundo o coordenador de comunicação da Ação Triângulo, Adriano Ferreira Calhan, o projeto faz com que as pessoas sejam sensibilizadas em rede sobre os impactos do seu consumo. “As pessoas acabam parando para pensar a respeito do ciclo de vida daquilo que elas consomem”, diz ele.


Além do óleo, os agentes recolhem também pilhas e baterias. Para quem mora na capital paulista ou na sua região metropolitana, é possível também agendar a retirada do material, desde que a quantidade seja superior a três litros.


Em Ribeirão Preto e região, no interior paulista, o óleo de cozinha também pode ser doado. O Projeto “Biodiesel em casa e nas escolas”, desenvolvido pelo Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas do Departamento de Química da USP de Ribeirão Preto, visa a produzir biodiesel por meio do óleo usado nas frituras e tem parceria com as lojas do Carrefour (parceiro mantenedor do Instituto Akatu) da cidade de Ribeirão Preto e com algumas escolas da rede pública de ensino. Além de Ribeirão, as cidades da região que têm escolas cadastradas no projeto são Sertãozinho, São Carlos, Araraquara, Batatais e Pradópolis. No caso das lojas de supermercado, quem levar quatro litros de óleo usado, ganha um litro de óleo novo. Já nas escolas, os alunos que levam o material concorrem a uma bicicleta.


No Rio de Janeiro há outro projeto de pesquisa sobre o uso do óleo como combustível. O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Estudos de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), também conhecido como COPPE, desde de 2002 realiza um trabalho, sob coordenação do professor Alexandre D’Avignon, que visa a tornar viável o uso de óleo de cozinha para a produção do biodiesel. A tecnologia já existe, o que falta apenas é uma regulamentação governamental.


Segundo a professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos e do Laboratório de Óleos e Gorduras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) na Europa há equipamentos para adaptar carros de forma que funcionem diretamente com óleo de cozinha. Ela também faz um alerta: “Na Europa é comum o óleo de cozinha ser usado como aditivo nas rações de animais. Isso é altamente tóxico e o maior prejudicado é o ser humano que irá consumir a carne desses animais”.


Publicado por: Instituto AKATU em 06/12/2010

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